Passado marcado pelas drogas: a história de superação de John Semedo
Passado marcado pelas drogas: a história de superação de John Semedo
O presente painel deste congresso da APAVT é uma história de superação relatada por John Semedo, de 47 anos. Natural de São Tomé e Príncipe, viveu desde os dez anos no bairro problemático da Cova da Mora. "Não venho aqui dar tangas a ninguém....
O presente painel deste congresso da APAVT é uma história de superação relatada por John Semedo, de 47 anos.
Natural de São Tomé e Príncipe, viveu desde os dez anos no bairro problemático da Cova da Mora. "Não venho aqui dar tangas a ninguém. Vocês falam de números e turismo, eu venho falar de pessoas”, introduziu o seu discurso arrancando dessa forma alguns sorrisos da plateia.
Perante sala cheia falou um pouco da sua história familiar, na qual o pai sempre trabalhou para garantir a subsistência da mulher e dos sete filhos, fazendo prevalecer na sua casa o princípio da igualdade.
Mesmo assim, vivia em pobreza, algo que o revoltava. Ia para a rua e refugiava-se nas drogas: primeiro cigarros, depois haxixe, heroína e cocaína. Além de sonhar ser jogador da bola, queria ser advogado, mas não gostou da experiência da escola. Trabalhou como porteiro e acabou por ser preso, tendo sido condenado a uma pena de 14 anos.
Na prisão, revoltava-se ao ver criminosos que tinham cometido homicídios e tinham penas mais leves. Foi então que se virou para a mãe e disse: “Vou ser sindicalista”, relatou, num momento, uma vez mais, pautado pelo humor. Cedo reparou que o problema da não obediência são as consequências e acabou por estar preso dentro da prisão, isto é, durante seis meses, passou 23 horas por dia isolado.
A certa altura a vida proporcionou-lhe um 'clique': a doença do pai. Cumpriu dez anos de pena, posto isso, submeteu-se a tratamento e esteve na clínica sete meses. Após esse tempo disse: “agora só se elas forem cegas é que não olham para mim”. Adquiriu novos hábitos e cuidou da sua mãe. "O ser humano é um animal de hábitos e habitua-se a qualquer situação", disse.
A certa altura começou a ficar mais próximo das pessoas e um dia até chorou, levando-o a dizer (em jeito de brincadeira): “Estou a ficar maricas, homossexual”.
Arrumou as suas gavetas emocionais, pois o “ser humano é um armário”.
Desde 2014 que John Semedo dirige a Academia do Johnson que se destina a atuar na prevenção de situações de risco de jovens que vivem em bairros problemáticos da Amadora e região. "Temos de por em prática aquilo que pensamos", recomenda.
" Os 134 miúdos que estão na minha associação, estão comigo todos os dias naquilo que são os valores e os princípios. Se amanhã um desses miúdos for doutor, bacano. Mas essa não é a minha cena, a minha cena é que esse miúdo seja pai para os filhos", declarou.
Hoje é casado e pai de filhos, alertando aos presentes: “Todos nós temos telhados de vidro, seja com gravata ou sem gravata”, num momento que originou uma grande salva de palmas da plateia e pautou o encerramento deste primeiro dia de congresso.
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